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sexta-feira, 30 de julho de 2010

Vampira aos Treze - Capítulo 4 - Dor

Comentem!!!!!!!!

                                                          
                                                                             4 – Dor


Seus lábios frios e gélidos tocaram a pele de meu pescoço. Apertei os olhos. Seus lábios se separaram e algo rompeu a pele da minha garganta. Apertei mais ainda os olhos pra não gritar. Doeu muito. Senti algo quente escorrendo no meu pescoço. Olhei para Jared pelo canto do olho. Só consegui ver o cabelo dele e uma parte de seu rosto curvado em meu pescoço. O que era aquilo? Ele estava me transformando em vampira? Sua boca fazia movimentos se sucção. Pelo que ele falou, ele estava fazendo errado. Ele parecia que estava... Sugando. Doía. Muito. Eu não conseguia aguentar.
– Para! – berrei. – Para! Para! Para!
Jared levantou a cabeça. Eu gritei de horror com o que vi. O homem lindo, elegante que eu havia visto, tinha desaparecido. Havia lá um monstro. Seus olhos estavam fora de foco, seus dentes afiados arreganhados a mostra, sua boca com sangue escorrendo de todos os lados. Seus dentes e sua boca estavam cheios de sangue. Cheios do meu sangue. Ele rosnou pra mim. Rosnou, como um animal. Como um cachorro. Eu queria ajudá-lo. Eu não sei por quê. Ele estava me contando histórias estúpidas e depois me disse que não ia me matar. Só por isso eu já simpatizei. E o jeito doce com que ele falou comigo, para que eu não me assustasse... Jared ficou me encarando e rosnando, seus olhos indo dos meus olhos para o sangue em mim. Comprimi a mão no pescoço e rolei de lado.
Rolei um belo pedaço pra longe dele. Eu não tive tempo de pensar, mas essa foi a única idéia. Ainda com a mão no pescoço me virei para olhá-lo. Ele saltou de onde estava até mim, se agachando a centímetros da minha jugular. Antes que ele me mordesse de novo, tentei falar alguma coisa.
– Não! Para! Você vai me matar! – consegui gritar pouco antes de dar um grito de dor. O que ele tinha posto em mim com os dentes? Doía tanto!
Incrivelmente, ele fechou os olhos e levantou. Correu pra longe de mim, e ainda de olhos fechados falou:
– Desculpe. – sua voz saiu entre dentes. Ele começou a andar até a porta do celeiro. Inexplicavelmente, eu comecei a ofegar.
– Aonde... Aonde você vai? – falei com dificuldade.
Ele trincou o maxilar antes de responder. Parecia que estava tentando não respirar.
– Eu não... Eu não posso ficar aqui. Eu vou matá-la. Eu não vou poder me controlar... – ele disse antes de sair.
Eu fiquei deitada no meio do feno. Tirei a mão do pescoço e olhei pra ela. Estava coberta de sangue.
De repente, uma dor vinda do nada me derrubou no chão. Doía muito, muito mesmo. Era horrível e excruciante. Sem saber por que, eu comecei a me debater no chão com toda a força. Isso só piorava a dor, mas eu não conseguia parar. Comecei a ouvir gritos, muito altos, que estavam machucando meus ouvidos. De onde vinham esses gritos? Parecia tão perto de mim. E havia alguma coisa de familiar naquela voz.
– JARED! JARED! – a voz berrou, e então eu percebi que era eu que estava gritando. Os berros e os gritos era eu.
Eu não sabia por que estava fazendo aquilo. Eu não tinha mais controle sobre o meu corpo. Eu me retorcia e me rebatia no chão com muita força, e gritava sem parar. De repente, senti algo estranho no meu pescoço. Como se... Como se queimasse. Como se alguém estivesse botando fogo em mim. Mas não havia ninguém lá além de mim.
– JARED! – eu arfei. – JARED EU ESTOU QUEIMANDO! – gritei. Meus olhos estavam abertos com muita dificuldade. Meu corpo foi pra cima e bateu com muita força no chão enquanto eu gritava. Ouvi um “cleck”. Alguma coisa havia quebrado em mim. Eu urrei de dor. Meus olhos se fecharam, eu não conseguia mais deixá-los abertos. A queimação se espalhou do pescoço para o meu braço também.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Vampira aos Treze - Capítulo 3 - Explicações

Comentem por favor!

                                                                  
                                                     3 – Explicações

– Você acredita em mim agora? – ele perguntou, com sua voz doce voltando.
Assenti com a cabeça.
– E o mais importante, eu me alimento de sangue humano.
Eu tremi dessa vez não de frio, mas de medo.
– Pare! Você está m...me assustando! – implorei. O borrão que era ele correu até mim. Jared parou ajoelhado ao meu lado. Ele pegou minha mão com as duas mãos. Estavam geladas, tanto quanto estava o sobretudo quando eu o vesti. Jared olhou fundo em meus olhos amedrontados, e sorriu envergonhado.
– Perdoe-me. Eu não quero assustá-la, só quero que você escute e entenda querida. – ele acariciou as costas da minha mão. – Eu sei, é monstruoso, mas confie em mim, é tudo verdade. Por favor, eu lhe imploro, confie em mim. – ele era lindo. Podia ser vampiro, ser um monstro, mas era lindo. E a forma com que ele falava; tão doce... Não sei por que, mais a partir daquele momento, eu passei a acreditar no que ele dizia.
Ele se levantou e começou a andar de um lado pro outro enquanto falava.
– Eu sou frio, forte, corro rápido e deixo as pessoas, as minhas vitimas, deslumbradas. Nós, os vampiros, também temos os sentidos aguçados. Eu vejo mínimos detalhes a metros de distância. Por exemplo – ele correu até a porta do celeiro – eu consigo ver uma formiga andando a dois centímetros do seu saco de pão. Olhe. – eu olhei, e lá estava, uma formiga muito pequena. Empurrei-a para longe com a mão. Olhei pra ele, que sorriu – Eu ouço muito bem. Eu consigo ouvir o seu coração batendo e consigo ouvir um leve farfalhar do seu sangue circulando na veia da sua garganta. – Ele abriu um grande sorriso. Seus dentes brilharam. Minha mão voou instantaneamente para o meu pescoço. – Eu tenho olfato aguçado. Eu consigo sentir o cheiro do seu sangue, quente, doce, apetitoso... – Seus olhos saíram de foco por um instante. Apertei mais a mão no pescoço e fechei os olhos. – Calma. Está tudo bem, sem medo. – ele me tranquilizou. – Eu consigo identificar o gosto de alguma coisa apenas com uma lambida. E eu posso saber de que material uma coisa é feita, com um simples toque.
“Eu não saio ao sol. Na verdade, eu até poderia se quisesse, mas ficar no sol, nos deixa cansados, como um humano que passa o dia fazendo exercícios.
Nós vampiros somos imortais. Nós vivemos para sempre amenos que outro vampiro nos desmembre e queime nossas partes. Nossa aparência nunca muda. Meu cabelo não cresce, eu não engordo, até porque eu não como comida humana. Eu não sinto fome, apenas sede de sangue. Eu não transpiro e não preciso ir ao banheiro. Meu coração não bate. Se eu for transformado em vampiro com 15 anos, eu vou ter a aparência de quinze anos pra sempre.” – eu engoli outro pedaço de mais um sanduíche, ainda calada sem dizer nada. “Você sabe quantos anos eu tenho?”
– Não. – respondi sinceramente, terminando de comer outro sanduíche. – Uns 25? – era isso que eu achava pelo menos.
– Eu aparento ter 25 anos, pois fui transformado em vampiro quando tinha 25 anos, em 1777. Eu tenho 120 anos.
Fiquei boquiaberta. Podia até ser, mas que não parecia, era verdade. Ele tinha mesmo a aparência de 25 anos.
– Não se surpreenda. Eu não durmo. Jamais. Por mais que tente, eu só vou conseguir deitar e ficar pensando. Está entendendo?
Ele fez uma longa pausa enquanto me olhava.
– Sim, mas uma coisa eu não entendo. Se você vai me matar – porque certamente ele iria – porque você está me contando tudo isso?
– Oh não, não! Você está muito errada! Eu não vou matar você, eu vou transformá-la. Vou transformar você numa vampira.
Antes que eu perguntasse o que ele queria dizer com aquilo, Jared voltou a falar.
– Um vampiro transforma um humano quando ele morde esse humano e consegue se controlar e não chupa o sangue dele. Aí, em três dias, a transformação está completa e o humano vira um vampiro. Mas só quem tem alto controle suficiente consegue se controlar e não matar a pessoa. Se ele apenas morder e parar de chupar o sangue a pessoa se transforma, pois o vampiro já colocou nela o veneno que nós temos em nossas presas. Não são muito grandes, mas são extremamente afiadas e venenosas – ele me mostrou os dentes. – Bem, acho que é só. Acho que te expliquei tudo.
Ele veio e sentou-se ao meu lado.
– Você não come nada mesmo? – perguntei curiosa.
– Não. Não tem gosto, embrulha o estômago e depois eu tenho que vomitar. É horrível.
Os sanduíches haviam acabado e eu estava com muito sono.
– Que horas são? – perguntei bocejando.
– Duas e quinze da manhã. – ele disse olhando num pequeno relógio de pulso.
Deitei minha cabeça no feno e bocejei de novo.
– Pronta? – ele me olhou atencioso.
– Eu estou com tanto sono... Você não pode deixar pra amanhã?
– Pra que esperar? – ele deu um meio sorriso e se agachou ao meu lado.
– O quê...? – ia perguntar por que ele tinha tanta pressa, mas de novo, ele me interrompeu.
– Vou tentar não te matar. – ele sussurrou em meu ouvido e abaixou-se perto do meu pescoço.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Vampira aos Treze - Capítulo 2 - Vampiro

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2 – vampiro


Abri a porta de casa e enquanto entrava procurei um minúsculo lampião no bolso do meu vestido azul-água. Como tecnicamente ninguém morava na casa, a luz foi cortada. Acendi o lampiãozinho com certa dificuldade naquele breu. Apontei-o para o grande corredor e fui até a cozinha. A luz acinzentada bateu num saco de plástico em cima da mesa. Eu sabia o que tinha lá. Pão francês e um pouco de presunto. Fiz cinco sanduíches com cinco pães e cinco fatias de presunto. Não demorei muito tempo. Eu tremia de frio de minutos em minutos. Coloquei os sanduíches no saco do pão e andei despreocupada até o celeiro. A porta estava levemente encostada quando entrei. Havia uma luz estranha perto dum monte de palha. O celeiro cheirava a produto de limpeza. Não era ruim. Jared olhava para a porta fazendo uma cara feia que se transformou em um belo sorriso no instante em que entrei.
– Achei que você tinha fugido.
Eu franzi a testa.
– Eu deveria? – perguntei, parada em pé a alguns passos dele.
– Sim. – ele sussurrou, tão baixo que eu nem tive certeza se foi ele que falou ou se foi um silvo do vento. – Sente-se ali – ele apontou para um monte de feno e palha que estava no canto do celeiro, perto da parede.
Obedecendo, fui me sentar. Exatamente naquele canto, havia um foco de luz muito estranho. Olhei para o teto. Havia um buraco, uma telha faltando. Ela devia ter quebrado e caído. Franzi a testa pro buraco.
– Eu arranquei. – Jared falou. Olhei para ele confusa.
– O quê?
– A telha, eu arranquei. Eu vou falar e preciso que você me veja. – tentei me lembrar de ouvir algum barulho vindo do celeiro. Com certeza arrancar uma telha faria algum barulho.
– Como...? Como você fez... – ele me interrompeu.
– Shh! Coma mais e fale menos. Ah! Tome – ele tirou o sobretudo do corpo e o jogou em minha direção. Ele caiu no chão ao meu lado. Peguei-o com uma das mãos e passei a mão nele. O tecido era grosso, mas não muito macio. Em vez de vesti-lo, o coloquei sobre as minhas costas. Um frio percorreu a minha espinha e eu tremi. O sobretudo estava frio. Tão gelado quanto a mão de Jared estava quando me tocou na praça.
– Desculpe – sua voz soou doce e fraterna.
Eu peguei um sanduíche no saco e comecei a degustá-lo.
– Eu sou um vampiro.
Não me contive e soltei uma risada sarcástica. Num segundo ele estava a um metro de distancia de mim, e no outro, seus olhos vermelhos brilhavam furiosamente a centímetros do meu nariz.
– Uma pessoa normal teria olhos vermelhos assim? – sua voz doce virou irritada, quase furiosa. Seu hálito gélido bateu em meu rosto. – Uma pessoa normal teria essa força? – ele puxou facilmente e sem barulho outra telha, estendeu ela pra mim; fechou a mão e fez uma leve pressão, depois tornou a estender a mão pra mim. No lugar da telha marrom, havia um monte de pó marrom. Eu fiquei parada. Como ele conseguia fazer aquilo? Ele simplesmente havia triturado a telha em 30 segundos! – Uma pessoa normal conseguiria correr tão rápido? – ele estava ao meu lado, e então um borrão percorreu o celeiro, e de repente ele estava do lado oposto ao que estava antes. Ele sumiu, dando o lugar ao borrão correndo de novo, e quando olhei, ele estava perto de mim. Certo, se ele queria me assustar ele havia conseguido.

domingo, 25 de julho de 2010

Vampira aos Treze - Capítulo 1 - Lembranças

                                      1 – Lembranças

De repente as imagens voltaram a minha mente. O dia da minha transformação. Eu odiava lembrar da dor.
A noite de 14 de abril de 1897 estava fria para uma noite de primavera. Meus pais Sophie e Alexander Seaks haviam morrido uma semana atrás, num acidente de carro. Eles estavam voltando de Lucca, uma cidadezinha perto de Florença, onde eu nasci e onde nós morávamos. Eles tinham falado pra mim que iriam até uma loja de Lucca comprar alguns produtos para a floricultura de mamãe. Eu estava na casa de uma amiga, do qual nem lembro mais o nome. Na volta, houve uma colisão. O carro do meu pai bateu de frente com o carro de um homem, Joseph Agillerra. – eu lembrava o nome dele claramente, pois eu fiz questão de matá-lo quando virei vampira. – Meus pais morreram na hora. Um casal que passava por lá chamou a policia e os bombeiros, mas já não adiantava. Eu fiquei sabendo pela mãe da minha amiga. A informação da morte dos meus pais foi passando de um pra outro, até chegar a mim.
Eu não tinha ninguém. Minha família eram os meus pais. Não havia mais ninguém. Avós, tios; nada. Levaram-me para um abrigo imundo. Eu fugi e passei a viver escondida num canto da nossa casa, que estava abandonada. Algumas telhas caídas, as paredes ameaçando desabar... Ninguém se atrevia a entrar lá.
Eu estava envolta em um mundo de dor. Não havia ninguém com quem eu pudesse conversar ou viver. A única possibilidade era eu morar com a família da minha amiga, se ela não tivesse se mudado para o Chile. Eu não tinha muito dinheiro – só tinha o dinheiro que meus pais guardavam pra mim no futuro. Ainda assim, era pouco o dinheiro que estava numa bolsinha vermelha dentro do meu guarda-roupa. –, e só o usava para comprar comida. Eu estava realmente um farrapo humano de 13 anos.
Na noite do dia 14 de abril – minha última noite como humana - eu resolvi ir até uma praça que tinha perto de casa. Às vezes eu ia lá. Mas ia principalmente de noite, porque eu não gostava de incomodar as pessoas. Cortaram a energia e a água de casa. Eu fedia. As pessoas que me viam me olhavam torto. Então eu trocava o dia pela noite. Eu dormia de dia, e de noite saía. Só saía de dia para comprar comida ou alguma outra coisa que eu precisasse.
Sentei num banco vazio, e fiquei olhando para o céu, imaginando o rosto dos meus pais nas estrelas. Devia ser por volta das oito e meia da noite.
De repente, ouvi um movimento bem próximo de mim e me virei. Sentado ao meu lado, havia um homem. O mais belo homem que eu já havia visto em toda a minha vida. Ele tinha cabelo curto ruivo e liso, a pele pálida; extremamente branca. – achei que ele devia ter alguma doença. Ele era branco de mais. – Ele tinha áreas roxas em baixo dos olhos, sobrancelhas grossas e escuras, um nariz reto, lábios finos e... Olhos assustadores. Olhos vermelhos. Olhos escarlates. Eu devia ter tido medo. Eu devia ter corrido. Mas não. Eu fiquei encantada com a beleza dele. Embora assustador, era lindo. Um deus.
– Não tenha medo. – ele sussurrou. Sua voz era suave e seu hálito era doce. Eu não consegui tirar os olhos dele. – Mas, agora me diga, qual é seu nome bela garota? – ele tocou meu queixo com os dedos. Sua pele era muito, muito fria. E dura. Mas eu não tive medo. Estava extasiada com a beleza dele e com a sua voz convidativa.
– B... B... Becca – gaguejei. Ele me deixava confusa. – Becca Se... Seaks.
Ele abriu um amplo sorriso. Por um instante, eu perdi a linha de raciocínio. Meus olhos ficaram presos no sorriso perfeitamente lindo dele.
– E, quantos anos você tem querida? Pressuponho que você tenha uns dez anos... – Ele olhou para a lua, que estava cheia, e depois olhou pra mim. – Estou certo?
– Não senhor, eu tenho 13. – foi estranho chamá-lo de senhor. Ele era tão perfeito, não devia ter mais de vinte cinco anos.
– Oh! – ele exclamou. Sua voz era suave como seda. – Você tem um rosto muito angelical para sua idade. – ele refletiu. – é claro que seu rosto está oculto por toda essa sujeira, mas eu vejo potencial. Conte-me criança, porque você está assim, tão... Maltratada?
Eu odiava quando as pessoas me chamavam de criança. Eu não era mais criança. Eu geralmente reclamava, mas a sua beleza me deixava muda. Demorei um pouco para entender que ele havia feito uma pergunta.
Olhei para o chão para poder me concentrar no que dizia.
– Meus pais morreram, e eu não tenho ninguém. Levaram-me para um abrigo, mas eu fugi. Eu vivo nas ruínas da casa onde eu morava com meus pais. Ela está abandonada.
Olhei-o quando terminei de falar. Ele sorriu presunçosamente. Tive a impressão de que sussurrou algo como: “casa abandonada hein? Interessante...”, mas não tive certeza.
– Que pena. – ele ainda sorria, quase desmentindo o que acabara de dizer.
Eu tremi de frio. Aquela noite estava estranhamente gélida.
– Molto Benne. – falou tão baixo que eu mal pude ouvir. – Você está se comportando melhor do que o esperado. Desculpe-me, mas terei que ser franco com você agora. Mas primeiro, está confortável para uma longa e estressante conversa?
– Não muito. – fui sincera.
– Já que você cooperou me diga o que você precisa para estar confortável, e seu desejo será uma ordem. – ele riu. Lembro de ter pensado que ele era algo como um gênio da lâmpada. – Seja franca querida. – seu pedido mais parecia uma ordem.
– Eu estou com frio e um pouco de fome. – respondi
– Imagino que deve ter alguma comida em sua casa certo?
– Sim. – eu fiquei confusa.
– Você não se incomoda de irmos para lá não é? Tenho certeza que a sua casa é bem mais confortável do que esse banco no meio da rua.
Eu não conseguia me concentrar se ficava olhando nos olhos dele, e não conseguia olhar pra baixo. Fiquei estática por instante. Ele se levantou.
– Vamos? – perguntou, ajeitando a roupa. Pela primeira vez, eu prestei atenção no que ele vestia e não no seu rosto ou em que ele falava. Ele usava calça e blusa pretas, botas de couro preto e um sobretudo marrom. Ele estava muito elegante. Ele não era muito alto. Logicamente mais alto do que eu, mas não era assim tão alto.
– Siga-me – falei levantando-me e andando na frente dele até a minha casa.
Algo em sua aparência lindamente assustadora me deu confiança para dizer o que disse. Ele me dava confiança. Com ele não teria perigo. Eu só não enxerguei que o problema era ele.
Minha casa não era longe, então segui na frente sem olhar para trás, só sabendo que ele seguia atrás de mim porque ouvia seus passos. Minha casa era grande, e tinha um celeiro, onde antigamente tinham algumas galinhas, que morreram fazia dois anos. Parei em frente à porta do celeiro e me virei para ver se ele ainda estava lá.
– Aqui é mais seguro para uma conversa. Pelo menos as paredes não estão ameaçando cair. – soltei uma risada curta e sem humor. – Eu vou pegar alguma coisa pra comer na cozinha. – soltei a tranca do celeiro. – Pode entrar... É... – naquele momento me dei conta de que não sabia o nome dele. – Qual é seu nome mesmo?
Coloquei a ponta dos dedos na testa tentando me lembrar se ele havia revelado seu nome em algum momento.
– Jared Kimn. – ele respondeu rapidamente. Surpreendi-me que ele tivesse respondido. Imaginei que ia dizer que não importava.
Fui para a cozinha enquanto ele entrava lá dentro. Um pensamento horrível me ocorreu. Um ser monstruoso e com certeza perigoso estava na minha casa.

Olá!

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