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segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Vampira aos Treze - Capítulo 6 - Acordando

Obrigada pelos comentários, agora vou voltar pra aula, mas espero coseguir postar pelo menos um capítulo por dia! Boa leitura! Continuem comentando!


6 – Acordando


Eu mergulhei na escuridão. Continuava a sentir a dor e o fogo, cada vez mais forte e mais intenso do que antes – mesmo eu não acreditando ser possível.
Os gritos e a dor continuaram também. Eu apenas não lutava mais.
Não sei por quanto tempo o fogo continuou aumentando, aumentando. Lembro-me de quando ele se concentrou no meu coração, aliviando – mesmo que eu não sentisse – leve e lentamente as outras partes, uma a uma. Eu quase não podia sentir o alivio, porque o fogo que estava no meu pulso, não desapareceu, só mudou de lugar. Foi pro coração. E então eu mergulhei na escuridão de novo. Era como se eu morresse e ressuscitasse em questão de segundos.
Foi então que muito tempo – muito tempo mesmo – quando eu já não acreditava mais ser possível o fogo aumentar, ele aumentou horrivelmente, mas concentrado apenas no meu coração. Todo o resto estava livre. Mas eu não sentia nada além da dor. Porque diabos eu não estava morrendo? A morte deveria ser libertadora não deveria? Não deveria estar mais doendo.
Eu já quase não conseguia respirar antes, mas naquele momento em que o fogo aumentou horrivelmente no meu coração, eu realmente senti o ar ir embora de vez. Meus pulmões estavam apertados e queimando horrivelmente. Eu estava sufocando. Então era isso? Depois de tanto tempo – pra mim quase um século – eu estava morrendo? Morrendo sufocada numa queimação? Morrendo sufocada com fogo? Tudo bem. Eu aceitaria. Contanto que a dor parasse, para mim estava tudo bem.
Eu caí na escuridão de novo, imaginando se desta vez eu estaria morrendo mesmo.
De repente, o fogo cessou. O fogo, a dor. Tudo. – pensando bem, não. Minha garganta ardia ainda. Mas não chegava nem aos pés do ardor de antes. Esse perto do outro não passava de uma irritação na garganta.
Me dei conta de uma coisa. A dor e o fogo não haviam ido embora. Eles estavam lá, era eu que tinha ficado mais forte e conseguia suportá-los.
Eu... Eu acho que eu conseguia respirar agora. Inspirei rapidamente. Uma enxurrada de cheiros invadiu minhas narinas. Cheiro de madeira, feno, palha, e muitos outros que eu não consegui identificar. Eu ainda estava de olhos fechados. De repente, ouvi um barulho de porta sendo aberta. A porta rangeu. Pela velocidade do som, percebi que a porta estava a quatro metros e meio de mim. O que? Como eu sabia isso? A morte fazia com que as pessoas virassem gênios?
Um segundo depois, ouvi claramente passos. Era um barulho baixo, mas extremamente claro. Junto com os passos, senti um cheiro. Um cheiro muito bom. A coisa mais parecida com que eu conseguia compará-lo era maçã verde e gelo. Eu sei, é uma comparação estranha. Mas era um cheiro gelado e doce. Ouvi também uma respiração. Uma respiração baixa. Calma e alerta ao mesmo tempo. – como eu conseguia identificar isso? – Algo em minha mente deu um sinal de perigo. Abri os olhos. Meu corpo fez um movimento rápido demais, me deixando numa posição estranha. Eu estava... Agachada. Acho.
Eu via um milhão de detalhes diferentes. Micro partículas de poeira dançavam a meio centímetro do meu nariz. Eu via nelas todas as sete cores do arco-íris e uma oitava cor, que parecia uma mistura das outras sete. Olhei além da poeira. Vi a porta de madeira que rangeu. Vi uma teia de aranha. Uma pequena aranha andava despreocupada lá. Ouvi uma leve batida de coração. Era dela? – podia ser. Era tão baixa que eu quase não conseguia ouvir. – Ouvi também a sua baixa respiração. – como eu conseguia?
Vi mais ao longe. A porta me revelava uma noite escura, silenciosa. Fora a respiração da aranha, ouvia uma outra. A primeira que ouvi.
Um barulho estranho rompeu pela minha garganta. Parecia... Um rosnado. – eu estava rosnando?
Olhei pra fonte da respiração calma e alerta. Então eu o vi encostado na parede.
– Becca? Está tudo bem, eu não vou te machucar. – Jared disse. Como se fosse impossível, ele estava mais bonito do que antes. Sua pele pálida, seu nariz, sua boca, seus olhos. Tudo perfeito. Eu o via com muito mais clareza do que antes. Meu corpo se movimentou rápido de novo, e então eu estava ereta, de pé. Sua voz era doce.
– Jared... – falei. Minha voz saiu estranha. Era doce e suave. Como... Como a de Jared. Quando falei, parecia que mil sininhos estavam tocando ao mesmo tempo. Minha voz... Era linda.
– Oh! – ele exclamou. – você está... Linda. Perfeita. A vampira mais linda que eu já vi em toda a minha existência. – ele me olhou cheio de ternura.
Ele andou dois passos em minha direção. Eu andei até estar a 44 centímetros de distância dele. Eu havia entendido o que eu era agora assim que o vi. Eu não havia morrido. A dor, o fogo, não era a morte. Era a transformação.
– Eu posso tocá-la? – ele perguntou, tirando-me de meus pensamentos.
Assenti com a cabeça. Que mal faria ele tocar a minha pele? Ela deveria estar fria. Toquei meu braço com a ponta dos dedos. Minha mão estava fria. Senti vontade de segurar em meu próprio braço. O fiz. Minha pele estava fria, e dura. Muito dura. Parecia que eu estava apertando uma pedra. Ele me olhava enquanto eu me tocava.
Então num ímpeto, seus braços largos envolveram as minhas costas. Jared me abraçou. Fique confusa. Eu achei que ele ia me tocar, pra ver se minha pele estava fria como a dele, e não me abraçar. Eu não sei por que, mas eu retribuí o abraço. Envolvi meus braços na cintura dele. Foi tão bom. Eu sentia falta daquilo. Um abraço era tudo que eu queria desde que meus pais morreram. Mas havia alguma coisa estranha. A... A pele dele. A pele de Jared. A pele dele não estava mais fria. Não estava quente, mas não estava fria. Estava morna.
Surpresa, me libertei do seu abraço. Ele me olhou confuso.
– Jared. Sua pele! Sua pele não está fria!
Seu rosto franzido de surpresa se desfez num sorriso. Ele riu.
– Era só isso? – perguntou.
– Como assim só isso? Antes... Antes a sua pele era tão gelada! Eu não entendo! – falei frustrada.
Ele acariciou minha bochecha com as costas dos dedos e riu.
– Minha pequena. Minha pele ainda está gelada. É que a sua também está. Então pele gelada com pele gelada dá um toque quase quente.
Ele ainda ria. Eu ri junto com ele, e quando me dei conta do que estava fazendo, eu estava abraçando Jared de novo. Uma sensação tão boa me inundou quando fiz isso. Apertei mais meus braços em torno dele.
– Becca. Becca cuidado. – ele disse alerta. O soltei imediatamente.
– O que eu fiz? – perguntei. Eu não havia feito nada de errado. Só o abracei!
– Você está muito forte agora, porque ainda tem vestígios do seu sangue humano. Está mais forte do que eu.
– Ah! Então eu estava te esmagando? – perguntei dando uma risada. Fiquei maravilhada com a minha voz quando ri. Era tão linda.
Ele riu também.
– É por assim dizer.
Minha garganta ardeu violentamente. Levei instantaneamente as mãos ao meu pescoço. Todos os movimentos que eu fazia eram estranhos. Eu pensava em fazê-los e quando via, eu já tinha feito. Eles eram rápidos demais.
– Eu sei. – Ele disse olhando pro meu pescoço. – Você precisa caçar.
– O que? – eu não estava entendendo. Tudo era tão novo pra mim!
– Sua garganta não está ardendo? – eu assenti com a cabeça. – Então. Isso é sede.
– Ah. – minha voz saiu preocupada. Eu estava preocupada. Eu não sabia caçar.
– Venha, vamos caçar. Eu te ajudo.
Ele pegou a minha mão e fomos andando calmamente pelo celeiro até lá fora.

domingo, 1 de agosto de 2010

Vampira aos Treze - Capítulo 5 - Fogo

Obrigada pelos comentários! Continuem comentando!


5 – Fogo


Eu não conseguia parar de gritar de dor e me debater no chão. O fogo parecia só aumentar e se espalhar a cada segundo. Eu não sentia meus pés nem as minhas mãos. Parecia que eu estava perdida dentro de mim mesma. Eu tentei sem sucesso abrir meus olhos de novo. Parecia que eles estavam grudados com uma super cola.
Era como se eu estivesse dividida. Tinha a parte que era eu mesma, que era o núcleo – por assim dizer –, tinha uma parte estranha, como um manto de escuridão, que chegava cada vez mais perto de mim, e tinha a parte do fogo e da dor – os dois juntos – que cobria todas as outras partes – ou as outras camadas – de mim naquele momento.
A escuridão parecia tão densa que – se eu conseguisse encontrar minha mão – eu conseguiria pegá-la. E ela parecia avançar furiosamente sobre mim. Algo me dizia que se eu não lutasse contra ela eu morreria. Mas eu já estava tão cansada, eu duvidava que tivesse forças pra lutar. E porque lutar contra ela se ela me levaria à morte, se ela acabaria com a dor e finalmente eu poderia descansar em paz?
Mas ainda assim, mentalizei meus braços empurrando-a para longe. Mantive a imagem dos meus braços empurrando um manto preto com toda a força pra longe. O manto preto era a escuridão. Mentalizar com alguma coisa sólida que eu realmente conseguisse empurrar era mais fácil.
Os gritos eram incessantes. Estavam machucando meus ouvidos. Na verdade, nem parecia que era eu que gritava. A iniciativa de gritar não partia de mim. Eu simplesmente gritava sem parar, da mesma forma que me debatia. Eu sabia que não adiantava. Na verdade, só piorava. E aquele cleck que eu ouvi com certeza era de uma costela quebrando. Mas eu não conseguia parar.
– JARED! JARED! AAAH! – gritei de novo. Os gritos não mudavam. Ou eu gritava só emitindo o som, ou eu gritava chamando o Jared, que por sinal não adiantava nada chamá-lo, ou eu gritava que estava queimando, ou gritava pedindo para ele fazer parar a queimação. Ou eu gritava tudo de uma vez.
Isso me fez pensar. Ele mentiu. Jared mentiu pra mim. Ele inventou toda aquela baboseira, toda aquela ladainha pra depois me matar. Porque – eu não sabia como –, mas era isso que ele estava fazendo. Eu ainda tinha sido inocentemente idiota de acreditar numa mentira tão esfarrapada. É claro que ele estava me matando. Eu duvidada que qualquer pessoa pudesse resistir a tamanha dor, muito menos uma garota de 13 anos mal alimentada como eu.
Como eu havia sido tola! Vampiro! Ahan. Eu só não entendia duas coisas: Porque ele queria me matar, e porque ele inventou tudo aquilo e não me matou logo de uma vez. Mas agora não importava. Eu iria morrer mesmo. Eu já estava morrendo. Parecia que a cada momento a escuridão ficava mais forte e eu mais fraca. Eu queria desistir.
– AAH! AAH! JARED! JARED! ESTÁ QUEIMANDO! EU ESTOU QUEIMANDO! AAH! PARA! AAH! POR FAV... AAH! POR FAVOR, FAZ ISSO PARAR! AAH! – a cada grito que eu dava as minhas costas se arqueavam pra dentro e depois despencavam no chão com um baque surdo.
– POR FAVOR, FAÇA PARAR! AH! POR FAVOR! JARED!AAH! – eu já nem conseguia mais respirar. Se fosse fazer uma comparação em relação à escuridão, ela estava na altura do meu queixo. “Puxe-a pra baixo! Puxe-a pra longe!” – ordenei a mim mesma. Eu quase não conseguia ouvir meus pensamentos com os gritos.
– JARED! AAH! NÃO! JARED! – uma palavra nova fora adicionada aos gritos. “Não”. Eu tentei realmente falar com ele. Eu não sabia mais como falar. Na verdade, sabia, era abrindo a boca e fazendo um som. Mas eu não conseguia saber onde estava a minha boca e não encontrava a minha voz. O fogo aumentava.
Eu não conseguia mais. Desisti. “Adeus” – pensei. Agora era o meu fim. A escuridão tomou conta de mim.